A História de Dois Atletas
Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1 Coríntios 9:24
Várias vezes, Paulo se referiu à vida cristã como uma corrida. Assim, amigo, você e eu somos atletas na corrida da vida. Mas a grande questão é: Por que corremos? E com ela vem outra pergunta interessante: Como corremos?
Os Jogos Olímpicos de 1924, sediados em Paris, França, foram caracterizados por dois atletas maravilhosos, ambos ingleses. Tratava-se de homens determinados; sua história, mais estranha do que qualquer ficção, deu origem ao clássico Carruagem de Fogo. Um deles, Harold Abrahams, era cabeça quente. Apesar de o pai dele, que era investidor, ser um homem muito rico, e apesar de Abrahams ter sido aceito para estudar na Universidade Cambridge, escola da elite, ainda sentia que tinha muito a provar, tanto ao mundo quanto a si mesmo. Abrahams era judeu e extremamente sensível a qualquer menosprezo, real ou imaginário, a qualquer sinal ou sugestão que indicasse que ele não fosse um verdadeiro inglês. Em vez de ceder às pressões sociais ou simplesmente suportar ser tratado com menosprezo, Abrahams levava o caso até as últimas consequências. Ele se tornou o melhor atleta da Inglaterra e conquistou o ouro olímpico.
Ao norte, nas Montanhas Escocesas, um atleta de características totalmente diversas também se preparou para ser o atleta mais rápido do mundo. Eric Liddell, filho de missionários na China, havia retornado à terra natal dos pais. Cristão devoto, ele se comprometeu a voltar ao campo missionário na China, mas apenas depois de testemunhar de sua fé na pista de atletismo.
Os dois foram selecionados para fazer parte da equipe olímpica britânica e partiram para a França com elevadas expectativas. Os anos em que Abrahams se submeteu a rígidos treinos compensaram: ele ganhou a prova dos 100 metros rasos, casou-se com uma linda atriz e teve uma vida boa, sendo respeitado e admirado.
Mas para Eric o sonho olímpico se tornou um pesadelo. Ele ficou sabendo que a competição dos 100 metros ocorreria no dia que ele considerava sagrado. Eric sofreu uma terrível pressão para competir, mas permaneceu firme. A esperança de conquistar o ouro olímpico foi embora. Surgiu, então, um raio de esperança – não para os 100 metros, mas para os 400 metros. Liddell não havia se preparado para correr essa distância, mas decidiu participar da corrida e venceu, sendo aclamado por todos.
Amigo, por que você corre? E como? Certifique-se de que seja por causa da graça e pela graça.
18 de agosto Sábado
A Graça do Sono
Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O Senhor concede o sono àqueles a quem Ele ama. Salmo 127:2
Imagine como seria nunca sonhar, nunca ser capaz de pegar no sono, deitar exausto na cama, mas ficar com os olhos arregalados. Certamente isso seria um pesadelo.
Uma doença muito rara conhecida como insônia fatal foi recém-descoberta. Talvez nunca tivéssemos ouvido falar dela se não fosse o trabalho de investigação médica de uma família italiana que, agora sabemos, há séculos foi assombrada por um terrível destino.
Ignazio Roiter é médico. Sua esposa, Elisabetta, vem de uma família italiana proeminente com raízes em Veneza desde 1600. O treinamento médico de Roiter não o havia preparado para os sintomas intrigantes que a tia de Elisabetta, de 40 e poucos anos, começou a apresentar. Ela parecia dormir o tempo todo, mas alegava sofrer de insônia. As pílulas para dormir não ajudaram. Em poucos meses, ela não conseguia mais andar, e depois passou a ter dificuldade para falar. Um ano depois do aparecimento da condição misteriosa de insônia, a tia faleceu.
Então, outra tia de repente começou a apresentar o mesmo quadro clínico. Os sintomas eram idênticos. Ela também faleceu um ano após o aparecimento da misteriosa enfermidade. Desesperado para encontrar o diagnóstico e a cura, o Dr. Roiter fez uma pesquisa nos antigos registros de nascimentos e mortes da igreja local. Ao rastrear a árvore genealógica de Elizabetta, uma sequência começou a se destacar. A pesquisa mais tarde o conduziu para San Servolo, uma ilha próxima a Veneza e local do primeiro hospício da Europa. Os registros amarelados revelaram: os parentes de Elizabetta havia anos faleciam devido à insônia.
Nessa ocasião, o tio Silvano fez uma visita aos sobrinhos. Parecia deprimido, ansioso, uma pessoa diferente. Estava com a doença da falta de sono também. Determinado a ajudar a encontrar a cura, Silvano concordou em participar de estudos clínicos realizados por especialistas em sono. Mas ele também não suportou a falta de descanso e faleceu de exaustão aos 52 anos. O cérebro de Silvano foi removido e examinado. Descobriu-se que estava cheio de pequenos furos causados por uma perigosa desordem de proteína. Hoje os cientistas estão trabalhando para encontrar a cura para essa terrível doença hereditária.
Dormir! Um dom da graça colocado em nosso sistema por um Pai sábio e amoroso. Não o valorizamos até que o perdemos. O que pode ser pior do que se sentir desesperadamente cansado e não ser capaz de dormir?
17 de agosto Sexta
Recomendados à Graça
De Atália navegaram de volta a Antioquia, onde tinham sido recomendados à graça de Deus para a missão que agora haviam completado. Atos 14:26
Paulo e Barnabé voltaram para casa. Haviam estado fora por dois ou três anos, desempenhando a missão pioneira de levar o evangelho a Chipre e à Ásia Menor (atual Turquia). Em alguns lugares eles haviam sido bem recebidos, mas em outros tinham encontrado oposição tão violenta que foram obrigados a fugir para salvar a vida. Em uma cidade chamada Icônio, Paulo foi apedrejado, arrastado para fora dos portões e dado como morto. Não é de admirar que seu jovem companheiro, João Marcos, logo desistiu e voltou para casa.
Agora, Paulo e Barnabé haviam retornado para casa. Não por terem desistido, mas pela satisfação de terem desempenhado bem sua missão. Eles pregaram sem medo ou hesitação a mensagem de Jesus, e formaram congregações de novos fiéis nos centros mais importantes em que estiveram. A fim de ajudar a manter intactas as jovens igrejas, eles ordenaram anciãos.
De volta a Antioquia, na Síria, “reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14:27). Quantas histórias para contar! Quantas maravilhas da providência e da libertação operadas pela mão divina! Que testemunho do poder do Cristo vivo! Os crentes em Antioquia devem ter ficado impressionados diante do relatório, manifestando sua alegria através de cânticos de louvor e adoração a Deus.
Antioquia foi o local em que tudo começou – o espírito missionário do cristianismo, que levou o evangelho ao ocidente através da obra de Paulo; ao leste, sul e norte através da obra de outros; e que ainda prossegue avante em nossos dias, atingindo os lugares mais remotos da Terra. Os crentes em Antioquia reconheceram o chamado do Espírito Santo para separar Paulo e Barnabé a fim de executar essa grande obra. Em obediência à ordem divina, eles jejuaram e oraram, em seguida os ordenaram e os enviaram para cumprir a missão.
Paulo e Barnabé partiram não apenas comprometidos com uma missão, mas comprometidos com a graça. A igreja os encomendou à graça de Deus para guiá-los, protegê-los e coroar de poder a obra que desempenhariam. E essa graça não os decepcionou. Ao sairmos para enfrentar um novo dia, nós também temos o inestimável privilégio de nos encomendarmos à mesma graça. Comecemos o dia pela graça e voltemos em segurança para casa pela graça.
16 de agosto Quinta
A Mensagem da Graça
Paulo e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do Senhor, que confirmava a mensagem de Sua graça realizando sinais e maravilhas pelas mãos deles. Atos 14:3
Aqui, em poucas palavras, descobrimos o segredo do poder da pregação dos apóstolos: eles pregavam o favor imerecido de Deus por nós, e o Senhor confirmava essa mensagem com demonstrações da Sua presença.
Como ministro do evangelho há mais de 40 anos, sei por experiência própria quão fácil e tentador é colocar a ênfase em outro lugar. Livros de sermões e até mesmo muitas aulas de homilética podem levá-lo a tomar um rumo errado. Você passa a pensar que o sermão é uma forma de arte em que você, o pregador, é o artista principal. Você seleciona uma passagem bíblica e a estuda e analisa cuidadosamente. Divide-a em três ou quatro partes, explica cada uma delas em relação ao tema geral e, em seguida, procura ilustrações para exemplificar na prática a lição e transmiti-la aos ouvintes.
Tudo isso é bom – até certo ponto. Certamente, é preferível ao curso que mais e mais pregadores parecem estar seguindo, isto é, embasar suas considerações em uma história, ou uma série de histórias, com um texto bíblico encaixado aqui e ali. O objetivo geralmente parece ser interessar, até mesmo entreter, e quando esse é o caso, o canal humano, não o Senhor, recebe o louvor.
Há alguns anos (não consigo me lembrar exatamente quando) comecei a mudar minha forma de pregar e escrever. Nenhum evento ou leitura em particular causou a mudança, que foi gradual. Talvez tenha sido a imersão na leitura da Bíblia que tenha causado essa alteração. Penso que foi desde que incorporei a graça como um elemento em meu ministério; a mudança foi focar a graça. Pouco a pouco cheguei ao ponto de procurar garantir que cada pregação fosse uma mensagem da graça, não apenas na tentativa de incorporar a graça, mas de personificá-la.
Tenho sido imensamente abençoado desde então, de novas e abundantes maneiras. Tenho pregado a mensagem da graça (não o mesmo sermão, mas sempre a mesma mensagem) ao redor do mundo. Tenho pregado a pequenos e grandes auditórios, a grupos sofisticados e simples. E o Senhor sempre confirma Sua presença nessas ocasiões.
Uma grande mudança é que a mensagem agora não diz respeito a mim, mas a Ele. Isso faz toda a diferença.
15 de agosto Quarta
Continuando na Graça
Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. Atos 13:43
Sim, podemos estar na graça, mas também podemos estar fora dela. A ideia de que uma vez tendo aceitado a Cristo jamais nos perderemos é contrária aos ensinos da Bíblia. “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo; caíram da graça”, escreveu Paulo aos gálatas (Gl 5:4).
Uma coisa é começar uma corrida, outra bem diferente é completá-la. “Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade?” (v. 7). Muitos iniciam a jornada rumo ao Céu, mas poucos chegam aos portões da cidade de Deus: “Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram”, disse o Senhor (Mt 7:14).
Há muitos anos, uma visão da vida cristã foi dada a uma jovem, Ellen Harmon. Nela, a jovem viu um caminho estreito e ascendente que se tornava cada vez mais íngreme e estreito. Uma grande multidão iniciou a jornada, mas muitos, sobrecarregados com as posses e os cuidados da vida, caíram ao longo do caminho. Alguns desanimaram e desistiram. Mas outros mantiveram o olhar fixo em Jesus e completaram a jornada rumo ao lar celestial (ver Primeiros Escritos, p. 14, 15).
Provavelmente, todo mundo que ler essa descrição conseguirá pensar em alguém que começou, mas desistiu. Talvez um irmão, o cônjuge, um filho ou quem sabe um amigo. Pessoas que desistem e pessoas que completam – o que faz a diferença? Continuar na graça, como Paulo e Barnabé disseram aos recém-conversos da cidade de Antioquia (atual Turquia).
A graça, o dom imerecido de amor e salvação de Deus, nos conduz para um relacionamento íntimo com Ele. Ouvimos, o Espírito fala ao nosso coração, respondemos sim e nos tornamos filhos de Deus, filhos da graça. Agora, para o resto de nossos dias, devemos continuar crescendo nesse relacionamento.
Toda vez que não valorizamos um relacionamento, ele começa a morrer. Toda vez que deixamos de valorizar a graça, começamos a perdê-la. Continuar pode soar como algo maçante, até mesmo chato. Continuar, porém, é a essência da melhor e mais linda experiência da vida: continuar num relacionamento de amor com Alguém mais precioso do que a própria vida, continuar esforçando-se por um nobre objetivo, continuar na integridade, “tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo” (Ellen G. White, Educação, p. 57).
14 de agosto Terça
Os Primeiros Cristãos
Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos. Atos 11:26
A igreja cristã começou em Jerusalém, mas o nome “cristão” surgiu muitos anos mais tarde e a muitos quilômetros de distância. Provavelmente esse nome tenha se originado como provocação por parte dos incrédulos.
Durante o ministério terrestre de Jesus, aqueles que O aceitavam eram simplesmente chamados de seguidores, que é o significado de “discípulo”. Jesus evitava aplicar a palavra “Cristo” (termo grego para “Messias”) a Si mesmo, provavelmente porque a expectativa popular associava o Messias a um líder político destinado a libertar a nação do jugo romano.
Após a ressurreição de Jesus, os que participaram do início do movimento foram mais comumente chamados de seguidores do “Caminho” (At 9:2; ver também At 19:9, 23; 22:4:14, 22). Eles também eram conhecidos como membros da seita nazarena (At 24:5).
O nome “cristão” provém da união da palavra grega Christos (“Cristo”) com uma terminação latina. É quase certo que os seguidores de Jesus não inventaram a palavra “cristão”; mas provavelmente esse foi um termo usado pelos gentios para ridicularizar os fiéis. Os judeus certamente não a empregaram, pois literalmente significa “seguidores do Messias”, e eles rejeitaram Jesus como o Messias.
Ali na cidade pagã de Antioquia, a nova religião criou raízes fortes. Aparentemente, o nome de Jesus como o Cristo estava constantemente nos lábios dos crentes, e seus vizinhos incrédulos criaram uma palavra para zombar deles. “Este nome foi-lhes dado porque Cristo era o principal tema de sua pregação, conversação e ensino”, escreveu Ellen White. “Os pagãos bem podiam chamá-los cristãos, uma vez que pregavam a Cristo e dirigiam suas orações a Deus por intermédio dEle” (Atos dos Apóstolos, p. 157).
Em seguida, ela acrescentou: “Foi Deus quem lhes deu o nome de cristãos. Esse é um nome real, dado a todos os que se unem a Cristo” (Ibid.). Assim, aquilo que os pagãos consideraram um insulto tinha, na realidade, dignidade e propósito divinos.
Tantas coisas acontecerem desde Antioquia! Tantas guerras travadas por assim chamados “cristãos”. Tanto sangue derramado. Como é triste a degradação desse nome real! Naquela época e hoje. Sou eu um verdadeiro cristão?
13 de agosto Segunda
Graça Para os Canhotos
Seus discípulos Lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” João 9:2
Há 36 anos, declarou-se o dia 13 de agosto como o Dia Internacional dos Canhotos. Essa data foi escolhida porque na época ainda não era feriado e porque, em 1976, aconteceu de cair numa sexta-feira 13.
Os canhotos compõem 10% da população. Eles enfrentam uma luta eterna contra o preconceito cultural da maioria destra. Desde a antiguidade prevalece a noção de que esquerdo é sinônimo de ruim. A palavra francesa gauche significa “esquerdo” e também “desagradável, desajeitado ou deficiente em graça”. Na Bíblia, o lado direito é considerado o lugar de honra (Sl 110:1-5).
Os canhotos têm que lidar com milhares de inconveniências, desde teclados de computador (apesar de Bill Gates ser canhoto!) até abridores de lata, motosserras, porta-papel higiênico e carteiras escolares. Eles nem mesmo conseguem brincar de palavras cruzadas sem ter que levantar continuamente a mão!
Não é de surpreender que alguém tenha tido a brilhante ideia de selecionar um dia para lutar pelos direitos dos canhotos. Mas o plano fracassou – a organização que deu início ao movimento não existe mais. Os canhotos são deixados com o pensamento consolador de que o lado direito do cérebro controla o lado esquerdo do corpo, e por isso os canhotos são as únicas pessoas mentalmente direitas.
Elas também podem orgulhar-se da companhia de muitas pessoas famosas: Henry Ford, Albert Einstein, Gandhi, Winston Churchill, Rainha Elizabeth II e sete presidentes dos Estados Unidos, incluindo Ronald Reagan, George H. W. Bush e Bill Clinton.
Os Evangelhos não mencionam a presença de pessoas canhotas entre os seguidores de Jesus, mas certamente elas estavam lá. O Salvador deixou bem claro que nossa constituição física, sobre a qual não temos controle (altura, cor, gênero, etnia), não faz diferença para Ele. Na ocasião em que os discípulos Lhe perguntaram de quem era a culpa de aquele homem ter nascido cego, Ele respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele” (Jo 9:3).
Como sempre, as pessoas hoje expõem algumas minorias simplesmente por serem diferentes. Mas a graça muda tudo. Quer sejamos altos ou baixos, negros ou brancos, canhotos ou destros, essas coisas são assim para que a obra de Deus se manifeste em nossa vida.
12 de agosto Domingo
O Bispo e o Traficante
Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador. Lucas 18:13
Você conhece a parábola de Jesus sobre o bispo e o traficante? Claro que sim! Você a conhece melhor como o fariseu e o publicano (ou “cobrador de impostos”, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Ao lermos a parábola do fariseu e do publicano, geralmente falhamos em compreender o grande contraste que Jesus traçou entre os dois indivíduos da história. Notamos que um deles é uma pessoa religiosa, enquanto o outro não professa religião alguma; mas paramos por aí. Jesus, porém, estava dizendo muito mais do que isso ao escolher esses dois personagens.
Na época de Jesus, os fariseus se consideravam os mais piedosos e conscienciosos da nação. Eles não estavam envolvidos no sumo sacerdócio. Outro grupo, o dos saduceus, é que controlava o sumo sacerdócio e acabou tornando esse ofício uma base de força política.
Os saduceus não acreditavam em anjos ou na ressurreição dos mortos e aceitavam como inspirados apenas os primeiros cinco livros da Bíblia, a Torá. Em nítido contraste, os fariseus obedeciam estritamente à lei, tanto as leis escritas quanto aquelas transmitidas pelas tradições orais.
Para o povo da época de Jesus, se havia alguém que seria salvo, certamente seriam os fariseus. Assim, Jesus escolheu como primeiro personagem alguém que estava no nível mais alto da hierarquia religiosa. Ocupando o nível mais baixo, porém, estava o cobrador de impostos. Ele era odiado e desprezado como colaborador dos romanos, um traidor. Os romanos não cobravam impostos diretamente do povo; preferiram deixar esse trabalho para ser feito por agentes judeus. Esses agentes geralmente eram corruptos; costumavam cobrar tudo o que fossem capazes de arrancar do povo.
Você consegue perceber a natureza radical da parábola agora? Os dois personagens representam as pessoas que aparentemente são as que têm melhor chance de receber a vida eterna e as que têm menos chance.
No fim da parábola, porém, a expectativa dos ouvintes é frustrada. O candidato menos provável volta “justificado” para casa, o que significa que foi considerado justo aos olhos de Deus. E o outro volta para casa exatamente do mesmo jeito que chegou ao Templo, como um pecador necessitando de salvação.
O que fez a diferença? Um, apenas um, reconheceu sua verdadeira condição. Um, apenas um, rogou sinceramente pela misericórdia de Deus. E apenas ele encontrou a salvação. A graça flui plena e livremente a toda pessoa que sente sua necessidade e clama a Deus.
11 de agosto Sábado
Uma Parábola Intrigante
Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Mateus 20:10
A parábola de Jesus sobre os trabalhadores da vinha é estranha em quase todos os seus aspectos. O comportamento do proprietário da vinha é contrário à nossa experiência. Lembra-se da história? O proprietário sai de madrugada e contrata homens para trabalhar em sua vinha naquele dia. Combina com eles o salário de um dia de um trabalhador comum – um denário (o equivalente a 50 dólares no mercado atual). Algumas horas mais tarde, o proprietário encontra outros homens desocupados. “Vocês querem trabalhar?”, pergunta. Os homens respondem que sim, e ele os contrata para trabalhar em sua vinha também. Não há nenhum acordo quanto ao salário; o proprietário simplesmente diz: “Eu lhes pagarei o que for justo” (Mt 20:4), e eles começam a trabalhar. O proprietário repete o mesmo processo com outros homens ao meio-dia e depois às três da tarde.
No fim do dia, o proprietário vê mais homens desocupados. Ele os contrata também, mesmo restando apenas uma hora para o pôr do sol.
Até aqui, nada de surpreendente. Mas a esquisitice da história ocorre no momento em que todos os trabalhadores encerram o trabalho no fim do dia e formam uma fila para receber o pagamento. A primeira coisa estranha: os que foram contratados por último são os primeiros a receber o pagamento. Segundo, algo realmente muito estranho: os homens contratados às cinco horas da tarde recebem um denário, o salário equivalente a um dia inteiro de trabalho! Terceiro, outro choque: os que trabalharam o dia inteiro também recebem um denário! Esse foi o salário combinado, mas, depois de verem aqueles que trabalharam apenas uma hora receberem um denário, eles sentiram que seu pagamento era injusto. “O senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia” (v. 12).
A graça inverte tudo. No momento em que o amor de Jesus conquista nosso coração, não trabalhamos mais para sermos recompensados. Simplesmente confiamos que Ele fará “o que for justo” – e é exatamente isso que Ele fará. Em Seu reino todos nós receberemos o mesmo incrível “denário” – a vida eterna, sem nunca mais sentirmos ciúmes um do outro, sem fazermos comparações ou reclamações.
Que parábola! Um raio de luz sobre a graça.
10 de agosto Sexta
A Inversão da Graça
Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros. Mateus 19:30
A graça vira o mundo de cabeça para baixo. Através de Sua vida e de Seus ensinos, Jesus nos mostrou isso. Ele era o Rei do Céu, mas Se tornou servo. Governava o Universo, mas Se tornou pobre, sem um lugar para reclinar a cabeça. Sofreu a pior morte, executado como criminoso; mas, por Sua morte, resgatou o mundo. O primeiro se tornou o último, e o último se tornou o primeiro.
Jesus usou essa expressão muitas vezes. Geralmente ela aparecia no início de uma parábola, ou em sua conclusão. Às vezes, Ele começava uma parábola com as palavras: “O reino do Céu é como...”
Suas parábolas, com simplicidade de palavras e aparentemente de ideias, são imensamente profundas. A acessibilidade fácil mascara as profundas ideias que apresentam. Compare-as com as fábulas de Esopo, e imediatamente notará a diferença. Melhor ainda, tente criar uma parábola. As parábolas de Jesus falam da graça, e a graça é radical. A graça está literalmente fora deste mundo – ela vem de outro mundo, um mundo muito melhor. As parábolas não falam a respeito do mundo que conhecemos; falam do reino do Céu. Nesse reino, o primeiro é o último; e o último, o primeiro. A graça inverte as expectativas. A graça inverte o método de recompensa. A graça inverte as prioridades.
O cristianismo já existe há muito tempo. Para a maioria das pessoas, trata-se de um sistema conservador, preso a rituais e previsível. Há muito, muito tempo a natureza radical da vida e da mensagem de Jesus rompeu o formalismo religioso.
Ela pode romper a nossa vida também. O que mais me preocupa com relação à minha própria caminhada com Jesus é que ela venha a ficar estagnada em padrões previsíveis. Oh, sim, posso dedicar tempo para a devoção diária, mas isso pode se tornar uma rotina, e a oração, algo mecânico.
Quero que a minha vida cristã brilhe com a inversão da graça – a inversão da rotina, a inversão de padrões previsíveis, a inversão do ato de não valorizar o dom de Deus. Mas eis aqui a maravilha: Deus pode fazer com que isso aconteça. A própria graça pode nos manter na graça.
Na ocasião em que os apóstolos saíram para pregar o evangelho ao mundo, os oponentes se referiram a eles como “esses homens, que têm causado alvoroço por todo o mundo” (At 17:6). Eles assim o fizeram, pois tinham uma mensagem, uma mensagem que ainda hoje causa alvoroço por todo o mundo.
9 de agosto Quinta
Na Alegria e na Tristeza
Se uma parte sofre, todas as outras partes estão envolvidas no sofrimento, e na cura. Se uma parte floresce, todas as outras partes fazem parte da exuberância. 1 Coríntios 12:26
O apóstolo Paulo utiliza muitas metáforas para descrever o povo de Deus, a igreja. Uma que nos fala ternamente é a família; a igreja é a família da graça. Mas Paulo parece ter ficado intrigado com a imagem da igreja como o corpo de Cristo. Em sua primeira carta aos coríntios, ele desenvolve a ideia detalhadamente, dedicando a maior parte de um longo capítulo para isso (1Co 12:12-30). Paulo retoma a ideia em suas cartas aos romanos (Rm 12:4, 5), aos efésios (Ef 1:22; 4:15, 16) e aos colossenses (Cl 1:18-24).
“A maneira pela qual Deus projetou nosso corpo é um modelo para entendermos nossa vida em conjunto como igreja”, escreveu aos fiéis de Corinto, “cada parte depende da outra, as partes que mencionamos e as que não mencionamos, as partes que vemos e as que não vemos” (1Co 12:24-26, The Message).
Não há hierarquia aqui. Dependemos um do outro, apoiamos um ao outro, participamos da dor e da alegria um do outro.
Do Polo Sul provém uma linda história de interdependência. Ali, no lugar mais extremo do planeta, uma médica teve que depender de seus pacientes. A Dra. Jerri Nielsen leu o anúncio no jornal de medicina que recrutava médicos para trabalhar na base de pesquisa na Antártica. Recém-divorciada, a Dra. Nielsen, médica especialista em pronto-socorro, estava preparada para uma mudança. Em 21 de novembro de 1998, ela chegou à estação Amundsen-Scott, no Polo Sul, bem no início do verão. Antes da chegada do inverno, a maioria dos moradores locais partiu, deixando para trás Nielsen, 40 cientistas, a equipe de construção e a equipe de apoio. O último voo decolou no dia 15 de fevereiro. A uma temperatura de -73 ºC, o combustível das aeronaves parecia gelatina. Assim, não havia qualquer possibilidade de alçar voo até novembro. No início de março, a Dra. Nielsen descobriu um caroço no seio direito.
A luta pela sobrevivência dessa médica travada no Polo Sul atraiu a atenção do mundo. Seus pacientes lhe ofereceram uma chance de viver. Um deles repetidamente inseria uma agulha no tumor na tentativa de retirar o fluido. Um soldador ajudou a realizar a biópsia. Outros administraram a quimioterapia. Ela sobreviveu!
Sempre que apoiamos um ao outro, grandes coisas acontecem.
8 de agosto Quarta
O Resgate Veio do Céu
E se Eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para Mim, para que vocês estejam onde Eu estiver. João 14:3
Orestes Lorenzo havia encontrado Deus. Mesmo sendo ateu de coração endurecido, ele clamou em desespero ao Senhor para que, se Ele existisse, salvasse a amada esposa, Victoria, que estava à beira da morte. Deus ouviu e respondeu. Vicky sobreviveu. E a vida desse casal mudou para sempre.
Alguns anos mais tarde, Orestes, major da Força Aérea de Cuba, bolou um plano perigoso. Certo dia, decolou no avião russo MIG-23 da base naval em Santa Clara. Voando a aproximadamente quatro metros acima da água para não ser apanhado pelo radar norte-americano, surpreendeu a base aérea dos Estados Unidos em Key West, Flórida, ao se aproximar sem ser notado. Sem enxergar possibilidade de colocar clandestinamente a esposa e os filhos a bordo, ele partiu deixando-os para trás. Além disso, sabia que havia grande chance de morrer naquela missão perigosa. Mas, se conseguisse chegar aos Estados Unidos, encontraria uma maneira de resgatar a família.
Vários dignitários lhe prestaram auxílio. O presidente George Bush, Mikhail Gorbachev, Coretta Scott King, senadores, membros do Congresso – todos tentaram ajudar. Mas as autoridades cubanas se recusaram a liberar a família de alguém que eles consideravam traidor.
Enquanto os meses se passavam, Orestes ficava cada vez mais desesperado. Decidiu resolver o caso com as próprias mãos.
Por meio de mensagens transmitidas por amigos de confiança, Orestes instruiu Vicky a estar pronta em determinado dia escolhido por ele. “Vista uma blusa laranja para se destacar em meio à luz do entardecer”, Orestes instruiu. Às cinco horas da tarde no dia combinado, Orestes decolou de Key West num antigo Cessna que ele conseguiu emprestado. Voando baixo sobre o Estreito da Flórida, após 43 minutos avistou a ponte em Matanzas. Em seguida, viu um vulto laranja ao lado da estrada, exatamente onde deveria estar. Pousou o avião na estrada, diante de um caminhoneiro boquiaberto. Vicky e as crianças correram para o avião e, em questão de segundos, os pneus do velho Cessna começaram a rodar.
Mas agora Orestes estava chegando ao fim da estrada. “Era humanamente impossível decolar”, afirmou mais tarde. Justamente quando acabou o asfalto, o avião decolou. Orestes atribui os créditos para tal façanha ao Deus em cuja existência ele não acreditava cinco anos antes.
Um dia, em breve, Jesus virá novamente do Céu para nos resgatar deste planeta e nos levar para o lar eternal.
7 de agosto Terça
A Oração de um Ateu
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Romanos 8:26
Victoria e Orestes se encontraram em uma festa em Havana, Cuba. Membros fiéis do Partido Comunista, ela tinha 16 anos e ele, 18. Dois anos depois eles se casaram. Quase imediatamente, Orestes foi enviado à União Soviética para passar dois anos em treinamento militar. Victoria permaneceu em Cuba, estudando para se tornar dentista.
Na década de 1980, eles foram para a Rússia em família (nessa época já tinham dois filhos), onde Orestes deveria passar por um treinamento de voo avançado. O registro de Victoria para praticar odontologia não foi aceito naquele país. Por isso, ela começou a trabalhar numa fábrica de envase de garrafas. Certo dia, Victoria machucou a mão na máquina em que trabalhava e, ao ser levada ao hospital, sofreu uma grave reação ao medicamento. À beira da morte, deitada sobre o leito hospitalar, o marido lhe fez uma pergunta que jamais havia feito antes.
– Você acredita em Deus, Vicky?
– Sim – ela respondeu.
– Você nunca me contou!
Naquela noite, Orestes voltou para casa e fez a primeira oração de sua vida: “Deus, não creio em Ti, mas Vicky tem tanta fé! Por que não a ajudas, para que ela não morra?”
Sem dúvida, uma oração muito estranha! Mas Deus entende; Ele lê o coração. O Espírito Santo compensa nossas deficiências, intercedendo por nós “com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).
O Senhor atendeu o pedido de ajuda de um ateu. Vicky se restabeleceu. Depois disso, tudo mudou na vida de Orestes e Victoria. À medida que a abertura política tomava conta da União Soviética, Orestes começou a visitar as bibliotecas e a “devorar” os jornais. Ele encontrou uma nova versão da história, descobriu que muito do que havia aprendido na escola era mentira.
Os anos que se seguiram trouxeram suspense, risco de morte e a angústia da separação em uma aventura que é maravilhosa demais para ser resumida. Amanhã saberemos o restante da história.
6 de agosto Segunda
A História de Catherine
O Rei responderá: “Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos Meus menores irmãos, a Mim o fizeram.” Mateus 25:40
Catherine foi esposa de Lewis Lawes, diretor do famoso presídio Sing Sing, do estado de Nova York, de 1920 a 1941. Esse presídio foi conhecido por destruir os diretores: a média de permanência no cargo era, antes de Lewis Lawes, de apenas dois anos. Lawes certa vez brincou: “A maneira mais fácil de sair de Sing Sing é tornando-se o diretor.”
Lawes, porém, permaneceu no cargo por 21 anos. Ele instituiu muitas reformas. Por trás desse homem bem-sucedido, como geralmente é o caso, estava uma mulher. A esposa, Catherine, foi fundamental para as mudanças feitas naquele terrível ambiente. Catherine acreditava que todos os presidiários eram dignos de atenção e respeito. Ela fazia visitas regulares ao presídio para animar os presidiários, ouvi-los e transmitir mensagens. Ela se preocupava com eles; por sua vez, eles desenvolveram um profundo respeito e admiração por ela.
Em uma noite de outubro de 1937, Catherine faleceu num acidente automobilístico. Quando a notícia se espalhou de cela em cela, os presidiários pediram permissão ao diretor para visitarem o túmulo de Catherine, que fora erigido dentro da propriedade da família. Ele atendeu o pedido deles. Alguns dias depois, o portão sul de Sing Sing foi vagarosamente aberto. Centenas de homens – assassinos, ladrões, muitos deles condenados à prisão perpétua – marcharam lentamente dos portões do presídio para a casa da família Lawes, que ficava apenas a alguns quilômetros de distância, e depois retornaram para as suas celas. O número de presidiários era tão grande que o evento todo ocorreu sem vigilância. Mas ninguém tentou fugir.
Na famosa parábola das ovelhas e dos bodes, de onde o texto de hoje foi extraído, Jesus falou sobre visitar os presos. Ele também falou sobre alimentar o faminto, vestir o nu, levar conforto ao doente. Por meio dessa vívida parábola, Ele revelou o tipo de vida que realmente conta para este mundo e para a eternidade. Certo poeta a descreveu assim: “A melhor parte da vida do bom homem são seus pequenos, anônimos, esquecidos atos de bondade e de amor.”
“Se o coração estivesse verdadeiramente transformado pela graça divina, uma transformação exterior seria vista através da sincera bondade, simpatia e cortesia. Jesus nunca Se mostrou frio ou inacessível” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 488).
A bondade é a linguagem que até mesmo os que são incapazes de ouvir ou falar conseguem entender. Ela é um fruto da graça.
5 de agosto Domingo
A Ira de Cristo
Irado, olhou para os que estavam à Sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem: “Estenda a mão.” Ele a estendeu, e ela foi restaurada. Marcos 3:5
Ao longo dos anos, tem se propagado o mito de que a religião é para os fracos, uma muleta; que Jesus tira o brilho da vida. Pessoas fortes, de acordo com muitos psicólogos, conseguem viver sozinhas. Homens e mulheres vigorosos e ousados certamente não precisam do modelo insípido de Jesus.
Swinburne, poeta do século 19, resumiu essa atitude em palavras amargas: “Tu venceste, ó pálido Galileu; o mundo tornou-se cinzento com o Teu fôlego.”
Essa caricatura de Jesus contradiz a descrição encontrada nos Evangelhos. Que tipo de pessoa expulsaria as ovelhas e os bois do pátio do Templo, espalharia pelo chão o dinheiro dos cambistas e viraria as mesas? Certamente nenhum capacho de caráter fraco!
Além disso, você já se perguntou por que os líderes religiosos queriam Se livrar dEle, e finalmente conseguiram? Porque Ele ameaçou a posição e a autoridade deles. Jesus era controverso, um grande problema político para eles.
No texto de hoje encontramos Jesus irado. Isso o surpreende? A graça e a ira são contraditórias? Há diferentes tipos de ira. Na maioria das vezes, ficamos irados porque alguém fere nosso ego. Reagimos em defesa de nosso orgulho. Nossa ira é egoísta e autoprotetora.
Jesus irou-Se algumas vezes, mas de forma diferente. Na ocasião em que viu os mercadores e os cambistas transformando a casa de oração em um lugar de negócios e extorsão, ardeu em zelo santificado. Em outra ocasião, Jesus foi à sinagoga no sábado e encontrou um homem com a mão ressequida. Ao perceber que os líderes religiosos O observavam para ver se Ele curaria aquele homem, Sua indignação moral surgiu novamente. Hipócritas!
Prezado amigo, seguidor de Jesus, espero que você também fique irado. Ao ler a respeito de crianças que são vítimas de abuso e exploração, espero que você arda em zelo santificado. Ao saber que aos débeis e fracos foram negadas a justiça e a decência, espero que você fique irado, não por si mesmo, mas por eles. A graça nos deixa irados.
4 de agosto Sábado
Dia de Graça
Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus. Hebreus 4:9
O sábado é um dia de graça. Trata-se de um presente de amor de Deus para nós nesta época agitada e de grandes pressões. Em Sua amorosa sabedoria, Ele, que sabe o que é melhor para nós, o que precisamos para ser revigorados, separou desde a Criação esse período de 24 horas. Hoje, precisamos desse dia de graça mais do que nunca.
Nos últimos anos, muitas pessoas têm redescoberto o sábado. Judeus nascidos em meio secular, cujas famílias há muito tempo abandonaram a observância do sábado, têm descoberto que esse tesouro esquecido é exatamente o que precisam para manter o casamento e a família unida e para encontrar a paz mental. Muitos cristãos têm escolhido o sábado como dia de adoração.
Ao longo dos anos, o domingo perdeu o seu significado. Para a grande maioria daqueles que frequentam a igreja nesse dia, o domingo não é considerado um dia sagrado. Depois de ir à igreja, eles geralmente vão ao restaurante e então assistem a partidas de futebol.
Mas o plano de Deus, desde o princípio, foi que o sábado – que Ele designou como o sétimo dia da semana, não meramente qualquer dia, não a sétima parte do tempo – fosse “lembrado” (Êx 20:8) como dia santo. Isso engloba todas as 24 horas desse dia. Essa é a ordem específica de Deus; essa é a necessidade que o nosso corpo e mente tanto almejam que seja satisfeita.
O ato de separar esse período de 24 horas – de pôr do sol a pôr do sol, de acordo com a lógica bíblica – também ordena as nossas prioridades. Ao fazermos isso, dizemos que nada é mais importante do que Deus; nem o trabalho, os prazeres, os negócios ou as viagens. Esse período de tempo é especial. É um dia consagrado, separado por Deus para nós, separado para Deus.
No livro de Hebreus, o autor faz um trocadilho com a palavra “descanso”, seguramente um termo com altas conotações desejáveis para as pessoas modernas. Ele primeiro aplica a palavra “descanso” às doze tribos hebreias vagueando no deserto: “descanso” seria Canaã, local em que encontrariam um lar e deixariam de vaguear (Hb 3:11, 18). Em seguida, fala a respeito dos cristãos, para quem é destinada a carta, e aplica a palavra “descanso” à experiência de salvação em Jesus – graça (Hb 4:3). Ele cria uma nova palavra, chamando-a de sabbatismos, o descanso sabático.
Que alto valor é atribuído ao sábado! O descanso sabático exemplifica nosso descanso em Jesus, nosso Salvador. Realmente, é um dia de graça!
3 de agosto Sexta
Sinais dos Tempos
Vocês sabem interpretar o aspecto do céu, mas não sabem interpretar os sinais dos tempos! Mateus 16:3
Na ocasião em que o tsunami atingiu Phuket, na Tailândia, um dia depois do Natal de 2004, em uma das praias ninguém foi morto ou ficou gravemente ferido. Tudo porque uma menina britânica reconheceu os sinais e avisou a todos que estavam ali.
Duas semanas antes, Tilly Smith, 10 anos, havia estudado sobre os tsunamis na escola em Oxshott, ao sul de Londres. Ao ver a maré retroceder repentinamente, soube que a onda gigantesca provocada pelo grande terremoto a quilômetros da costa de Sumatra chegaria em apenas alguns minutos. Ela avisou a mãe que estavam em perigo. A família e mais outros 100 banhistas que estavam na praia tailandesa foram salvos.
Jesus nos diz para prestarmos atenção aos sinais dos tempos. Assim como nos dias dos fariseus e saduceus, para quem Jesus dirigiu as palavras do texto bíblico hoje, as pessoas ainda comentam sobre o clima: “Será que vai chover? Será que vai fazer frio ou calor? Devo levar uma blusa?” Esse é o tema de conversa mais comum que existe para quebrar o gelo entre desconhecidos ou ao encontrarmos um colega.
Jesus nos diz o mesmo que disse aos líderes religiosos de Sua época: “Vocês demonstram interesse pelo clima. Mas precisam demonstrar o mesmo interesse pelos sinais mais importantes e mais valiosos à volta de vocês.” Os fariseus e saduceus procuraram Cristo com o pedido de que lhes mostrasse um sinal do Céu. No entanto, tudo à volta deles eram sinais dos tempos – os milagres de Jesus, Seus ensinos, o testemunho de Sua vida nobre. Tais sinais proclamavam que, apesar das raízes humildes de Jesus, Ele não era apenas mais um mestre itinerante; que apesar de a pompa ou o exibicionismo não acompanharem Seu ministério, Ele possuía as credenciais de algo muito maior: a bênção de Deus. Não se tratava de um homem comum. Ele era de fato o Messias!
Nós que amamos e seguimos a Jesus; nós, cuja vida foi tocada, salva e abençoada pela salvação que nos ofereceu, devemos abrir os olhos aos sinais dos tempos em nossos dias. Assim como Tilly Smith, que estudou e reconheceu o perigo, devemos proclamar às pessoas ao nosso redor que elas estão correndo perigo muito maior. Este mundo está perecendo. Saiam da água! Fujam para a segurança! E isso significa correr para Jesus, Aquele que é cheio de graça e verdade.
2 de agosto Quinta
Mensagem de Amor em Sangue
NEle temos a redenção por meio de Seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça. Efésios 1:7
No início de 2005, ocorreu um terrível acidente de trem em Los Angeles, Estados Unidos. Certo homem, planejando se suicidar, parou em cima dos trilhos o veículo que dirigia. No último minuto, porém, mudou de ideia e abandonou o carro, fazendo com que o trem que se aproximava em alta velocidade batesse no veículo, descarrilasse e colidisse com outro trem que vinha na direção oposta. Onze pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
John Phipps trabalhava numa fábrica de peças aeroespaciais em Burbank. Normalmente não pegava o trem naquele horário, mas foi chamado para trabalhar mais cedo naquele dia. Phipps encontrou um assento vago na parte de cima do trem e pegou no sono. Acordou repentinamente com o violento solavanco da colisão. Sentiu um vapor incomum sobre o rosto e viu por toda parte fragmentos amassados do trem. Tocou a parte posterior da cabeça e as mãos ficaram cheias de sangue. Ele gritou pedindo ajuda, mas ninguém respondeu. Preso sob os escombros, começou a cantar: “Por que eu, Senhor?” e aguardou o resgate. Um pouco depois, ele esticou o braço e tocou em um dos assentos do trem, deixando ali uma marca de sangue. Caiu em si: morreria ali. Decidiu deixar uma mensagem para a esposa, Leslie, e os filhos. Naquele assento de trem, Phipps escreveu com o próprio sangue: “Eu amo meus filhos. Eu amo Leslie.”
O capitão dos bombeiros, Robert Rosario, foi o primeiro a encontrar Phipps e a descobrir a mensagem em sangue. “Já vi coisas horríveis em meu trabalho”, afirmou mais tarde, “mas aquilo me comoveu. Meu único pensamento naquele instante foi: Tenho que mostrar isso para a esposa e os filhos desse homem.”
John Phipps sobreviveu. Durante a entrevista coletiva dias depois, ele apareceu apoiando-se em muletas e se identificou como o autor da mensagem de amor. “Não sei por que fiz isso”, declarou à imprensa. “Não achei que minha família veria a mensagem.”
Há dois mil anos, outra Pessoa deixou uma mensagem escrita com Seu próprio sangue. Jesus de Nazaré foi pendurado numa cruz de madeira fora dos portões de Jerusalém. Ele havia deixado o lugar mais seguro do Universo, o Céu, para Se identificar com as vítimas do terrível acidente global e, por meio de Sua morte, oferecer-lhes a redenção, o perdão e a vida.
A mensagem de amor de Jesus escrita em sangue diz: “Eu amo você.” Ao lado dessa mensagem, Ele escreve o seu nome e o meu.
1º de agostoQuarta
A Importância de um Nome
Por isso Deus O exaltou à mais alta posição e Lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra. Filipenses 2:9, 10
Na ocasião em que Jackie Ordelheide Smith e seu esposo, Bob, se mudaram do Novo México, EUA, para Washington, DC, onde Jackie assumiria um cargo na Adventist Review [Revista Adventista norte-americana], eles procuraram por toda a região um local de preço acessível para morar. A experiência foi desanimadora. Tudo o que encontraram estava totalmente fora de suas condições financeiras. O casal começou a pensar em como faria para evitar um longo trajeto de casa para o trabalho, já que o preço dos imóveis era mais acessível nas regiões mais afastadas da cidade.
Foi então que eles providencialmente encontraram a casa ideal no preço que cabia em seu orçamento. Após fecharem negócio, se mudaram. Mas havia um problema – o nome da rua: Satanás! Por alguns anos, eles conviveram com esse nome, mas nunca se sentiram confortáveis. Cansaram de lidar com a reação das pessoas que ouviam o endereço – os olhares surpresos, as piadas, os comentários.
A família Smith descobriu que outros moradores da Rua Satanás também se sentiam desconfortáveis com o nome. Um dos moradores tentava disfarçar o nome pronunciando-o com sotaque francês. Outro simplesmente se referia ao endereço como rua “S”. Outros ainda deliberadamente trocavam o nome para Rua Ananás. Um padre que morava na rua aspergia água benta todo ano ao redor de sua casa.
Por fim, após uma pesquisa em registros antigos, alguém descobriu que a rua realmente deveria se chamar Ananás, baseado num poema obscuro de um poeta excêntrico. Sem dúvida, o escrevente não entendeu o nome corretamente ou não prestou atenção ao escrever. (Fico imaginando se foi de propósito.) No entanto, para corrigir o nome da rua, seria necessário passar por uma longa burocracia, coletar no mínimo 19 assinaturas dos 21 moradores da rua e uma boa quantia em dinheiro.
A comunidade uniu forças para coletar as assinaturas e levantar o dinheiro necessário. O jornal local fez a cobertura da história; em seguida, uma emissora de televisão a colocou no ar e, por fim, o jornal Baltimore Sun a publicou na primeira página. Finalmente, Jackie, Bob e os vizinhos não viveriam mais na Rua Satanás!
Qual a importância de um nome? Muita. Especialmente nosso nome. E, acima de tudo, o nome de Jesus, cheio de graça. Esse nome está acima de qualquer nome no Céu e na Terra.
31 de julhoTerça
O Hotel Mais Maravilhoso
Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, Se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de Sua pobreza vocês se tornassem ricos. 2 Coríntios 8:9
Na costa do Golfo Pérsico encontra-se um dos edifícios mais impressionantes do mundo. O Burj al-Arab, de 321 metros, é o hotel mais alto do planeta. Mais notável que a altura, porém, é sua arquitetura, que se assemelha a um veleiro. O Burj, inaugurado em 1999, rapidamente se estabeleceu como o ícone dos emirados em Dubai e garantiu o seu lugar entre os edifícios mais distintos do mundo, juntamente com a Torre Eiffel, o Big Ben e a Casa da Ópera de Sydney.
O Burj se localiza em uma ilha própria próximo à praia de Jumeirah. Internacionalmente, esse hotel é classificado como cinco estrelas; mas o Burj, que de arrogância não carece de nada, se classifica como sete estrelas. Os hóspedes são recebidos no aeroporto em um dos carros da frota de 12 Rolls-Royces brancos. No trajeto, os hóspedes cruzam uma ponte em que há queima de fogos em comemoração à sua chegada. O pernoite no apartamento de classificação standard, suíte duplex, custa cerca de 28 mil dólares.
O Burj não permite a entrada de visitantes e turistas na ilha. Alguns amigos, porém, convidaram Noelene e eu para um desjejum na cobertura do hotel. O interior do edifício é ainda mais abusivamente extravagante do que a audaciosa arquitetura exterior sugere. Uma imensa cascata ladeada por aquários que vão do chão ao teto encanta qualquer um que entra no saguão de entrada. Os aquários são tão grandes que os funcionários têm que fazer a limpeza com equipamento próprio de mergulho. Quase todas as superfícies são banhadas a ouro. A vista da cobertura é espetacular. O bufê, por sua vez, oferece uma infinidade de pratos quentes e frios, saladas, doces de culturas variadas e tudo o mais que o paladar possa desejar por 100 dólares por pessoa.
Apreciei muito a experiência, mas bastou uma vez. Assim que o apetite é satisfeito, os milhares de pratos não degustados não atraem mais os olhos. E, se você tem uma cama familiar e confortável para descansar, qual a vantagem de pagar 1.000 dólares ou mais para passar a noite?
Somos seguidores de Jesus de Nazaré. Ele abriu mão das riquezas do Céu para Se identificar com os pobres da Terra. Ele nos convida: “Segue-Me.” Isso não quer dizer que devemos viver como monges. Mas significa que devemos analisar com cuidado a maneira com que gastamos os recursos que Deus coloca sob a nossa responsabilidade.
30 de julho Segunda
Desonestos e Cristãos
O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz. Lucas 16:8
Enquanto escrevo dos Estados Unidos, dois aspectos da cena atual me espantam. Nunca presenciei tanto exibicionismo político ao lado das Estrelas e Listras [da bandeira norte-americana] e de citações da Bíblia; e nunca vi tantas demonstrações ostensivas de ganância.
Certo executivo de uma grande companhia trabalha por três meses e decide pedir demissão. Sai com 32 milhões de dólares limpinhos no bolso. Em outras companhias, presidentes e diretores executivos, que presidem durante um período de forte declínio das ações na bolsa de valores, mudam de pasto – juntamente com um paraquedas dourado. Mal passa uma semana sem novas revelações de manipulação financeira e desonestidade.
Chamei a atenção para os ricos, mas a ganância é uma sedutora tentação de igual oportunidade para todas as classes sociais. Pessoas de todas as posições sociais parecem obcecadas pelo desejo de ganhar mais dinheiro. Sempre foi assim, mas no mundo atual a determinação por acumular dinheiro atingiu um nível ainda mais degradado. Por essa razão, encontramos Jesus, cujo público consistia principalmente de pessoas comuns, geralmente falando sobre dinheiro. O fato é: a maneira de nos relacionarmos com o dinheiro é a mais clara evidência de nossa relação com o reino do Céu. Em outras palavras, a nossa atitude em relação ao dinheiro revela o impacto que a graça produz (ou não) em nossa vida.
Em Lucas 16:1-9 encontramos o que a princípio parece ser uma parábola intrigante. Certo administrador de um homem rico age com desonestidade falsificando os livros de contabilidade e é desmascarado pelo chefe. O chefe demite o administrador e pede uma auditoria completa dos registros. O administrador lança mão de um artifício inteligente para assegurar seu futuro: ele entra em contato com vários devedores e altera o registro daquilo que devem – a seu favor! Ele os faz saber que está cuidando de seus interesses para que em troca cuidem dos dele também. Então, somos surpreendidos: o homem rico elogia o administrador desonesto. Por quê? Por causa de sua astúcia. Soa como se o próprio chefe tivesse agido com desonestidade nos negócios; um desonesto elogiando o outro!
Muitas das parábolas de Jesus começam com: “O reino do Céu é como...” Mas não na parábola do administrador desonesto. No reino do Céu o povo de Deus não é obcecado por ganhar dinheiro. É um povo muito generoso, porque Deus os trata com generosidade sem medida.
29 de julho Domingo
Aprendendo com os Erros
Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade. Provérbios 24:16
A pessoa que nunca cometeu um erro nunca fez nada. Thomas Edison, o famoso inventor, foi chamado muitas vezes de gênio, mas ele costumava dizer para si mesmo: “Gênio, coisa nenhuma! Não desistir é o que faz de alguém um gênio. Fracassei ao longo de minha jornada rumo ao sucesso.”
Se tivermos o estado de espírito certo, um erro pode se tornar um acidente valioso. Assim como Cristóvão Colombo, que partiu para a Ásia e descobriu a América. Ou como Ruth Wakefield, proprietária de uma pousada, que certo dia na década de 1930 decidiu assar alguns biscoitos amanteigados usando uma receita muito antiga. Ela picou uma barra de chocolate e acrescentou à massa, na expectativa de que o chocolate derretesse. Ao tirar a forma do forno, em vez de biscoitos de chocolate, ela encontrou biscoitos amanteigados repletos de gotas de chocolate. Desse erro surgiu um dos biscoitos prediletos dos Estados Unidos.
Os pequenos blocos para anotação de recados em cor amarela e com uma faixa adesiva, conhecidos como Post-it, surgiram através de um pesquisador da Companhia 3M que tentava aprimorar a fita adesiva. Outra cientista da 3M tentava criar uma borracha sintética para ser usada nas mangueiras de abastecimento de combustível de aviões. Certo dia, algumas das substâncias novas espirraram no tênis feito de lona de sua assistente e não puderam ser removidas. À medida que o tênis envelhecia, ficava desbotado, exceto no local em que a substância havia caído. Esse “erro” mais tarde se tornou o produto conhecido como Scotchgard, usado hoje para ajudar a prevenir que a sujeira manche o tecido.
A lista é enorme. Alexander Fleming descobrindo a penicilina, Charles Goodyear aprendendo a estabilizar a borracha, Wilson Greatbatch criando um marca-passo cardíaco aprimorado e possível de ser implantado. Todas essas descobertas surgiram através de “erros” em um nível ou outro.
Na vida cristã, ocorre algo muito semelhante. Deus deseja que cresçamos mediante Sua graça; por isso, não sabemos tudo. Caímos, e caímos de novo.
Às vezes ficamos perturbados mentalmente após cairmos. Mas Deus promete que, mesmo que caiamos sete vezes (ou 77), vamos nos levantar novamente. Sua graça nos toma pela mão, levanta-nos e coloca-nos de volta no caminho com mais maturidade. Ele deseja que aprendamos com os nossos erros.
28 de julho Sábado
O Poder da Leitura
Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. 2 Timóteo 3:15
Certo dia apareceu uma estranha criatura no campus do Bethel College, uma pequena instituição presbiteriana de ensino superior no Tennessee, Estados Unidos. Ele tinha um metro e oitenta de altura, cabelos ruivos despenteados e vestia uma blusa de frio tão velha que havia alfinetes por toda parte para mantê-la em condições de uso. Havia buracos nos sapatos e os dentes da frente já não existiam mais. Ele veio da minúscula vila de Rosser, constituída por apenas três casas, onde morava numa casa de fazenda caindo aos pedaços, sem encanamento interno. Ele nunca andou de bicicleta, entrou em um shopping center ou namorou. E nunca frequentou a escola.
Robert Howard Allen, 32 anos, apareceu para matricular-se na faculdade. Assim que a administração aplicou um teste para averiguar o conhecimento de Robert, todos se surpreenderam. Ele “arrasou”. Sua mente estava repleta de conhecimento em literatura clássica e histórica. A abrangência de seu conhecimento estava muito além do que o de qualquer professor da instituição. A administração o dispensou da maioria das matérias do primeiro ano de faculdade.
Dez anos mais tarde, Robert Allen concluiu a educação formal, graduando-se pela altamente prestigiada Universidade Vanderbilt em Nashville, Estados Unidos, com PhD em inglês. Ele começou a lecionar inglês para a faculdade.
A história desse homem me inspira. Ela mostra o poder do espírito humano para se erguer e ser bem-sucedido em face das situações mais desafiadoras. E que situação desafiadora! Os pais de Robert se divorciaram quando ele ainda era bem jovem. Ele foi criado por parentes de idade avançada que fizeram um acordo com a administração da escola local para que ele estudasse em casa. A princípio, um professor o visitava ocasionalmente, mas logo Robert foi esquecido.
Mesmo assim, aos 12 anos Robert já tinha aprendido a ler sozinho e logo começou a ler a Bíblia na versão King James para a tia Ida, que era deficiente visual, completando duas vezes a leitura de capa a capa do Livro Sagrado.
Em pouco tempo, estava lendo tudo o que podia encontrar, desde Shakespeare até Will Durant. Ele leu praticamente todos os livros da biblioteca pública de sua cidade e aprendeu também a ler em grego e francês. E começou a escrever poemas. Essa é uma história mais forte do que a ficção – e mais maravilhosa. E tudo começou com a leitura da Bíblia.
27 de julho Sexta
A Visão do Céu
O Senhor está no Seu santo templo; o Senhor tem o Seu trono nos Céus. Seus olhos observam; Seus olhos examinam os filhos dos homens. Salmo 11:4
Fico pensando como deve ser a vida na Terra sob a perspectiva de Deus, da sala do trono do Universo, onde, como o poeta Milton escreveu:
Milhares se apressam a atender o Seu comando sobre a terra e o oceano, sem descanso.
Quão estranhas, pervertidas, distorcidas e débeis devem parecer as nossas ações!
Recentemente me deparei com uma notícia que, para mim, parecia ser piada. Mas não era, e mal posso conter o riso ao partilhá-la. O governo do estado de Oklahoma, Estados Unidos, declarou ilegal a briga de galos em 2002. E fez bem; trata-se de uma atividade cruel em que os galos usam as esporas e o bico para se mutilarem até a morte, enquanto os espectadores humanos apostam no resultado. A proibição desse “esporte” paralisou a indústria da briga de galos no equivalente a 100 milhões de dólares, de acordo com um senador e defensor de longa data da disputa sangrenta. Ele criou um plano para trazê-la de volta à ativa.
Ele propôs que os galos usassem pequenas luvas de boxe acopladas às esporas (não estou inventando isso) para que as aves pudessem “esmurrar-se” sem se machucar! O que o senador planejava fazer com o bico, se é que tinha um plano para isso, o noticiário não informou. Será que os galos usariam proteções nos bicos também?
A história não para por aqui. De acordo com o plano do senador, os galos usariam coletes apropriados, munidos de sensores eletrônicos que registrariam os golpes e ajudariam a marcar os pontos para determinar o vencedor. Você consegue imaginar a cena? Galos vestidos com coletes e luvas de boxe se atacando? Hilário!
O que não é hilário são as pessoas no estado de Oklahoma, e em cada estado e país, que lutam pela sobrevivência a cada dia e a cada noite. Pais solteiros, aflitos com a situação dos filhos. Preocupações em ganhar o dinheiro do aluguel ou da próxima parcela do financiamento. Pessoas lutando contra enfermidades. Medo da violência. Tantas pessoas sobrecarregadas com preocupações, procurando uma saída ou mesmo um raio de esperança. Tanto a fazer, tantas coisas que precisam ser consertadas!
E os governantes perdendo tempo em discutir a possibilidade de colocar coletes e luvas de boxe em galos!
Ora, vem, Senhor Jesus, e arruma esse caos!
26 de julho Quinta
Ele Experimentou a Morte
Vemos, todavia, Aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos, Jesus, coroado de honra e de glória por ter sofrido a morte, para que, pela graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte. Hebreus 2:9
O que o apóstolo quis dizer ao afirmar que Jesus “experimentou” a morte? Crisóstomo, pregador famoso e eloquente dos primeiros séculos do cristianismo, interpretou essas palavras de forma muito interessante. Ele relacionou Jesus a um médico que, a fim de encorajar o paciente a tomar o remédio amargo, encosta os lábios no copo e toma um golinho. Assim, argumentou Crisóstomo, Jesus experimentou apenas o suficiente da amargura da morte para saber como é.
Crisóstomo foi um grande pregador, mas interpretou muito mal esse texto. Jesus não tomou apenas um gole do cálice da morte; Ele bebeu tudo até o fim. Por meio da palavra “experimentar”, o apóstolo tentou nos dizer que Ele realmente morreu, realmente experimentou a morte. Observe-O no Jardim do Getsêmani, lutando em oração diante da rejeição, da crueldade e dos açoites que O aguardam, especialmente da separação do Pai ao ser pendurado na cruz do Calvário. Observe-O agonizando em oração, rogando por outro caminho. Ouça o rogo melancólico, proferido três vezes: “Meu Pai, se for possível, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres” (Mt 26:39). Mas isso era impossível, se desejava ganhar o mundo de volta para Deus. Assim, Ele aceitou o cálice, escolheu a morte, morreu só, morreu por todos. Ele experimentou a morte – não apenas a morte física, mas o horror da separação de Deus, que a Bíblia chama de “segunda morte” (Ap 20:6).
O apóstolo nos diz que Jesus experimentou a morte “pela graça de Deus”. Acho estranha essa expressão. O favor de Deus levou Jesus à morte. Apesar de a maioria dos manuscritos antigos trazerem essa expressão, alguns dos primeiros manuscritos apresentam uma variante surpreendente. Em vez de “pela graça de Deus”, estão as palavras “sem Deus”.
A mudança envolve apenas duas letras do alfabeto grego. O que parece é que algum escriba, provavelmente no segundo século, mudou duas letras ao copiar o texto. Talvez tenha achado a ideia de Jesus morrer “sem Deus” muito difícil de compreender e fez a mudança para “pela graça de Deus”.
Mas Jesus realmente morreu sentindo-Se totalmente sozinho, totalmente esquecido. “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me abandonaste?” (Mt 27:46).
Oh, que Salvador, capaz de chegar a tal ponto por você e por mim!
25 de julho Quarta
O Momento Mais Grandioso
Levante-se, refulja! Porque chegou a sua luz, e a glória do Senhor raia sobre você. Isaías 60:1
Com o destino incerto da França em 1940, houve uma evacuação em massa das tropas britânicas e aliadas de Dunkirk. Aproximadamente 350 mil forças armadas fugiram para a Inglaterra. Com excesso de soldados e armas, eles fugiram em qualquer coisa que pudesse flutuar.
Os ingleses comemoraram como se tivessem conquistado uma grande vitória. Mas o primeiro-ministro Winston Churchill os levou de volta à realidade. Em 4 de junho ele declarou na Câmara dos Comuns: “Não se vence a guerra batendo em retirada.”
Em seguida, Churchill proferiu um discurso magnífico, que é considerado por alguns o maior discurso dos últimos mil anos: “Não desanimaremos ou fracassaremos. Avançaremos até o fim. Lutaremos na França, lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos cada vez com mais convicção e força no ar, defenderemos a nossa ilha, não importa o quanto custe, lutaremos nas praias, lutaremos nas áreas de pouso, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; jamais nos entregaremos.”
Exatamente duas semanas mais tarde, em 18 de junho de 1940, a Inglaterra se preparava para a invasão pelo ar. Churchill discursou novamente no Parlamento. “Desta batalha depende a sobrevivência da civilização cristã. [...] Toda a fúria e o poder do inimigo em breve se voltarão contra nós. [...] Preparemo-nos, portanto, para o nosso dever, conscientes de que, se o Império Britânico e sua comunidade durarem por mil anos, homens ainda dirão: ‘Esse foi o momento mais grandioso deles.’”
Como seguidores de Jesus Cristo, chegamos ao auge da história. As forças do mal estão se posicionando para a última batalha da Terra. Que tipo de homens e mulheres seremos nós numa época como essa?
“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (Educação, p. 57).
Armados com a graça de Deus, podemos de fato nos levantar e refulgir. “Sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a Sua glória se vê sobre ti” (Is 60:2, ARA). Esse será o nosso momento mais grandioso.
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ResponderExcluirMaravilhosa essa meditação.
ResponderExcluirQue possamos ser fiel como Daniel, não se comrompendo com esse nundo.Pela graça de Deus sejamos puro e fiel a sua palavra.Não sendo guiado pela sabedoria do mundo, mas sim a do nosso Deus.